VERDE E TUDO

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domingo, 31 de outubro de 2010

IDEIAS SIMPLES


Que tal uma horta na varanda do apartamento? Ou no cantinho da sala mesmo, perto da janela? A idéia é simples: se o espaço horizontal é pequeno, pense para cima e faça uma horta vertical.

Já vi hortas assim de várias maneiras. Tem gente que usa a parede ou o muro para instalar vasinhos com temperos, trocando os quadros de natureza morta por natureza muito, muito viva. Outros transformam as floreiras da janela em “verdureiras”. Outros cortam garrafas PET para pendurar com cordinhas no teto. E há aqueles que capricham na receita e montam cavaletes adaptados com suportes para “floreiras” que recebem hortaliças e ervas medicinais. Em um único cavalete, dá para sustentar cinco ou seis “verdureiras”. 

Tudo em menos de um metro quadrado de área horizontal. Aliás, isso me lembra a espiral de ervas da permacultura. Já falei sobre ela aqui. Usando a criatividade, dá pra garantir, pelo menos, o chazinho de cidreira antes de dormir.

Outro modelo interessante foi desenvolvido em Jundiaí pelo empresário Eduardo Borges, que descobriu uma maneira de cultivar hortaliças e legumes em bombonas de plástico (sabe aquelas azuis, que a gente encontra por aí em lojas de material de construção?). 

Ele corta uma das extremidades (para poder encher de terra e comporto orgânico ou húmus de minhoca) e faz até 24 furos nas laterais. Depois, preenche com pedriscos e terra e planta as mudinhas de hortaliças nos furinhos. Na parte de cima do tambor, fica a espécie que precisa de mais profundidade para crescer (como a cenoura, por exemplo) ou a que ocupa mais espaço (como os tomates). Tudo é 100% orgânico, sem qualquer tipo de agrotóxico, claro.

A experiência do Eduardo deu tão certo que ele montou uma empresa para vender os kits e manuais para cultivar hortas verticais. Acesse aqui o site e saiba mais. 

Em poucas palavras, o segredo da horta vertical está na criatividade. É ela quem vai dizer qual o modelo mais apropriado para a sua casa e o seu jeito de viver. Não adianta ter uma horta enorme se você não vai ter tempo de cuidar dela, por exemplo.

Pensando de maneira mais global, a agricultura urbana é hoje um dos desafios para as cidades, que precisam buscar alternativas mais sustentáveis para a alimentação de seus habitantes. 

A via é de mão dupla: os PRODUTORES devem cultivar seguindo a cartilha dos orgânicos e oferecer produtos de qualidade para os vizinhos. E os CONSUMIDORES devem dar preferência a produtos orgânicos produzidos localmente, ou seja, que além de terem baixa emissão de CO2 para a atmosfera (já que não precisaram viajar grandes distâncias para chegar à sua mesa) são mais ecológicos porque respeitam o solo, mais saudáveis porque não contêm agrotóxicos e mais justos socialmente porque oferecem oportunidades de emprego salubre e uma economia local mais fortalecida. 

Em Cuba, quando começou o embargo dos EUA, a ilha se viu mais isolada do que nunca. Ficou difícil adquirir alimentos de outros lugares. Era preciso cultivá-los ali mesmo. Passados alguns anos, a dificuldade virou modelo de agricultura urbana. Ainda hoje, em quase todo quintal cubano existe uma horta para garantir o sustento familiar.

No Brasil*, o cultivo de alimentos nas médias e grandes cidades ainda está longe de conseguir suprir as necessidades dos moradores. Por isso, boa parte do que compramos ainda vem de longe e passa por vários intermediários que pagam pouco ao produtor mas cobram muito do consumidor. 

Mais um motivo para você começar a produzir em casa. Invente um jeito de aproveitar o espaço que é abençoado pelo sol para gerar alimentos orgânicos para a sua família. (E me conta tudo depois, que eu adoro saber dessas curiosidades...)
* Em São Paulo, um projeto muito bacana chama-se Cidades Sem Fome e é coordenado pelo Hans Dieter Temp, fundador da ONG Organização Cidades Sem Fome. Atualmente, Hans ajuda a manter 21 áreas de plantio na zona leste da cidade, que beneficiam diretamente mais de mil pessoas. 

“O projeto utiliza áreas públicas ou privadas que não têm utilização específica para a implantação e desenvolvimento de hortas, levando às comunidades carentes oportunidades de trabalho, capacitação profissional e geração de renda através da comercialização dos produtos. Outro objetivo é combater a desnutrição e melhorar a qualidade de vida das comunidades, através do acesso a alimentos saudáveis e nutritivos, e incorporar melhorias ambientais nas comunidades”, conta Hans Dieter.

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